quarta-feira, fevereiro 23, 2005

queda

às vezes, para não cairmos,
agarrávamos os tendões do incêndio
e por detrás da noite
dissolvíamos a espera.

ainda tenho guardada
a textura lenta do teu fôlego
no ventre dos dedos.

às vezes, para não cairmos,
tu colavas o teu nome ao meu
de modo a que a minha pele
fosse uma continuação da tua.

mas partiste
ou talvez nunca tenhas vindo

e encontro-te num sonho velho,
tão amarrotado como o silêncio do quarto
qual lâmina acesa no linho da memória.



Sara F. Costa
Poema vencedor do Prémio Literário Correntes d'Escritas / Papelaria Locus.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

tens vindo a refinar a tua poesia,
simples este poema mas simultaneamente denso.admiro a força que imprimes nos versos

4:07 da tarde  

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