quarta-feira, janeiro 12, 2005

Rubén Darío

Rubén Darío nasceu em San Pedro de Metapa (hoje Ciudad Darío), no ano de 1867 e morreu, na mesma cidade, em 1916. Nesses quarenta e nove anos de vida tornou-se o expoente máximo do modernismo hispano-americano.
O modernismo, na literatura hispano-americana, corresponde, cronologicamente, ao simbolismo em Portugal. Contudo, Octavio Paz, no seu ensaio El Caracol y la Sirena, identifica dois momentos essenciais deste movimento: um primeiro momento, marcado pela transição entre as influências românticas e os modos parnasianos; e um segundo momento, que agrega aos modos parnasianos, extremamente visuais, os modos simbolista, ricos em musicalidade. Rubén Darío, num artigo publicado num diário argentino destacava como grandes influências Edgar Allan Poe, Verlaine, Rimbaud, Nietzche, entre outros. A esta lista há ainda que acrescentar, por outros textos anteriores e posteriores, os nomes de Baudelaire e Laforge, decisivos na segunda geração modernista, e o de Walt Whitman, como modelo directo e como forma de irritar os críticos castelhanos que os acusavam de «galicismo mental».
Rubén Darío, como o próprio modernismo, não pode ser lido como um cenário linear. Deve antes ser entendido como um espaço de cruzamentos e de encontros, cenário que junta as mais variadas vozes, das mais distintas procedências. Deste cenário de convergência surge uma crítica aberta ao atraso cultural da América Latina, proclamando a necessidade de uma sociedade hispano-americana cosmopolita ao jeito de Paris e Londres. Mas ele não foi apenas um modernista. A sua crítica e a sua obra, ultrapassando a linguagem dessa escola acaba por superar qualquer escolástica, ganhando um símbolo que vai para lá da sua identificação com qualquer corrente artística.
Assim, lamento que em Portugal a divulgação da sua obra seja tão pouca. Admitindo que talvez as haja, desconheço qualquer tradução para o português dos seus poemas. O pouco que se pode encontrar resume-se a meia dúzia de exemplares, em castelhano, nas estantes de pouquíssimas livrarias.
Lamento também, porque havendo traduções de outros poetas como Garcia Lorca e Juan Ramón Jiménez, se ignore quase totalmente Rubén Darío que foi uma das maiores influências daqueles dois poetas. Outro dos grandes da literatura hispano-americana ensina-nos que a biblioteca é interminável. Não seria já altura de expandir a nossa biblioteca a estes novos horizontes, de acrescentar às prateleiras da nossa esfera de centro hexagonal as obras de Rubén Darío?

D.P.